The Good, The Bad & The Queen
Alguém precisa ter uma conversinha com Damon Albarn. A voz do Blur - e o mal-encarado altergado 2D do Gorillaz - criou a mais brilhante trilha sonora da vida londrina em 2007 com sua outra nova banda de integrantes não muito “joviais” (Paul Siminon, baixista do Clash, Simon Tong, do Verve, e o baterista do Afrobeat, Tony Allen) e não abriu um sorriso. Ainda assim, mais uma vez Damon tem nossa total simpatia. Os tempos estão mudando novamente. As garotas e rapazes (da música “Girl & Boys”) que se divertiam em Parklife, do Blur, são hoje “pessoas confusas” trabalhando duro nesta “pequena ilha hostil” (“Three Changes”). Sinimon e Tong carregam nas guitarras estilo “spagghetti-western” e o sussurro pessimista de Damon expressa o tédio de seus “lares solitários” e de uma existência estéril (“Green Fields”).
O gênio de aluguel Danger Mouse ajuda a construir esse mundo de claustrofobia vertiginosa com sua produção sofisticada, criando um carrossel de melancolia no encerramento do álbum, cujo turbilhão de som em tom premente deixa os ouvidos sedentos por mais.
Essa urgência é refletida na capa (clique aqui ou na imagem para baixar o disco), onde uma multidão parece estar incerta entre ficar perplexa diante da cidade em chamas ou fugir - acompanhar as mudanças ou fugir delas (“Northern Whale”) -, e assegura que este álbum, de sonoridade por vezes estranha, permanece humano acima de tudo. Enfim, mesmo que as ruas de londres estejam cobertas de jornais grátis e não de ouro, são ainda mais preciosas por terem inspirado uma jóia como essa.
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